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OPINIÃO: Cutchuco, o coelho que mudou de cor



É essencial que crianças tenham animais de estimação, sejam gatos, cavalos, cachorros, peixes, pássaros, coelhos ou qualquer outro. A convivência exercita muitos sentimentos: respeito, afetos, responsabilidade, limites, tolerância, paciência, proteção e amor. Meus filhos cresceram cercados por bichos. Com a neta não poderia ser diferente. Na Páscoa de 2014, resolvi presenteá-la com um coelhinho branco de olhos vermelhos. Foi uma Páscoa inesquecível. Questionada sobre o nome do coelho, de pronto batizou-o de Cutchuco.

A criatividade das crianças é surpreendente e maravilhosa! A curiosa história do Cutchuco não se limita ao nome, mas a mudança de cor. Terminados os festejos, o coelho ficou em Santa Maria para morar com a vó. Apartamentos não são ambientes mais propícios. Coelhos roem tudo o que encontram, além de fazerem xixi e coco em qualquer lugar. Justifica-se, assim, a permanência do Cutchuco em Santa Maria - na casa da vó pode tudo! Mesmo com todos os cuidados, o coelhinho não resistiu mais do que duas semanas.

Não era possível que tanta alegria e felicidade tivessem fim. Em meio a frustração e a tristeza era necessária a substituição. Parecia fácil, não fosse terminada a Páscoa, todos os coelhos ganharem lares. Os coelhos brancos desapareceram. Lidar com perdas é sempre muito doloroso. Não vejo necessidade que isso ocorra aos quatro anos de idade. Haverá tempo para este aprendizado, em um momento de maior amadurecimento e entendimento. Cada dia que passava, mais próxima estava a visita ao coelho. Finalmente surgiu um coelhinho, mas tinha um porém - ele era marrom e de olhos castanhos. Diante do dilema, achei pior do que a gritante diferença não ter o coelho e ainda ter que enfrentar a dolorosa explicação. O novo coelho adaptou-se com a maior facilidade, nem parecia um substituto.

A alegria era do próprio escolhido, o número um. Se alimentava bem, corria de um lado para o outro e crescia saudável. O coelhinho marrom era mais Cutchuco do que nunca. Chegou o dia da vinda da neta. E agora? Dias antes, o tio precisou ir a Porto Alegre e teve a ideia de levar uma foto do coelho.

A reação da Giovana foi surpreendente. Crianças são incríveis! Adultos complicam tudo. Dramatizamos o que poderia ser muito simples. Foi com esta simplicidade que, ao ver a foto, gritou maravilhada: pai, pai vem ver. O Cutchuco cresceu e mudou de cor! Ficamos encantados com a facilidade com que ela resolveu o problema que, para nós, era complicadíssimo. Desta forma, o Cutchuco se tornou mais único do que nunca - o coelho que mudou de cor.

A felicidade é simples e depende do olhar que dedicamos ao que nos rodeia. Nós adultos queremos explicações lógicas e comprovações consistentes. Devíamos aprender com as crianças e descomplicar mais. Para ser feliz basta enxergar com os olhos do coração. Quantos momentos perdemos por medo de olhar com os olhos da felicidade?

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